MORAIS, Edima Verônica de. Utilizações das escolas de referência em ensino
médio pelo governo do estado de Pernambuco: uma análise do programa de educação
integral (Dissertação de Mestrado). UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Centro
Acadêmico do Agreste. Programa de Pós-graduação em Educação Comtemporânea, 2014. Para acessar o trabalho na integra, clicar aqui.
Resumo
Esta pesquisa tem como tema central a formação da juventude através da
Educação Integral e propõe-se a compreender as utilizações, por parte do
Governo do Estado de Pernambuco, das Escolas de Referência em Ensino Médio.
Essas foram instituídas através da Lei Complementar 125/2008 que cria o
Programa de Educação Integral e tem como objetivo o desenvolvimento de
políticas direcionadas à melhoria da qualidade do Ensino Médio e qualificação
dos jovens da Rede Pública Estadual. O estudo se justifica devido ao
fortalecimento dos debates sobre a Educação Integral, que vem ganhando destaque
no contexto das Políticas Educacionais Públicas desenvolvidas para a juventude,
necessitando de um maior aprofundamento frente às novas configurações do
processo produtivo assentado numa tecnologia digital-molecular. Esta passa a
requerer um novo tipo de trabalhador que atenda a essas novas demandas,
colocando as questões referentes à baixa qualidade da educação pública nas
agendas dos governos, dos “homens de negócios” e dos trabalhadores. Para
alcançarmos os objetivos propostos realizamos uma pesquisa documental cujo
objetivo foi perceber as formas de apropriação do Programa de Educação Integral
por parte do governo do Estado a fim de perceber as utilizações das Escolas de
Referência em Ensino Médio. No contexto tipicamente brasileiro, a escola sempre
foi recheada de significados que extrapolam seus limites e funções. Nesse
sentido, conforme Algebaile (2009), os termos usos e utilizações foram
empregados de modo a desvelar que a escola pública brasileira sempre foi
utilizada para outros fins, que não o de possibilitar acesso ao conhecimento
historicamente acumulado. Para dar conta das análises das falas e dos conteúdos
escritos coletados ao longo da pesquisa, escolhemos como caminho metodológico a
Hermenêutica Dialética desenvolvida por Minayo (2010) que nos possibilitou
realizar uma análise ao mesmo tempo compreensiva e crítica do estudo da realidade.
Para fins dessa técnica utilizamos as seguintes categorias empíricas:
Utilizações, Gênese da política de Educação Integral, Implantação e expansão
das EREMs, Funções e objetivos do PEI. A pesquisa revelou que a utilização da
gestão público-privada encontrou, em Pernambuco, terreno favorável devido às
reformas neoliberais empreendidas desde o governo Jarbas Vasconcelos e
continuadas no governo Eduardo Campos, aprofundando a visão gerencialista da
Educação. A produção dos dados e a análise comprovaram que a política de
educação integral em Pernambuco nasce seguindo as exigências dos empresários
mediados por organismos internacionais, com o objetivo de atender ao novo
padrão de acumulação, que exige um trabalhador polivalente e capaz de se
adaptar às instabilidades da vida. Nesse sentido, as EREMs cumprem, para o
governo Eduardo, o papel de passar a promessa de integração do jovem ao mercado
de trabalho, conforme indicações do Governo Federal e do Banco Mundial.
Contradizendo toda a literatura que mostra a incapacidade do capital na sua
lógica incorrigível de integrar a juventude numa sociedade desintegradora por
essência. Além do mais foi possível constatar que neste Programa há uma forte
utilização política que vai no sentido de desmobilizar e enfraquecer a
organização dos professores (as) permitindo que cada vez mais o governo
controle a determinação das políticas educacionais provocando a inserção de
setores privados na educação com o objetivo de atender aos interesses do
capital. Entre outras formas de utilização também verificamos a utilização no
sentido de controle da juventude pobre, ficando evidente que a Educação
Integral é oferecida como uma solução aos problemas da violência a qual os
jovens pobres estão expostos, o que superficializa a discussão sobre os
problemas estruturais da sociedade capitalista apresentando as EREMs como a
solução dos problemas educacionais e sociais do Estado.
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