quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

DEFESA DE DOUTORADO: "MODERNIZAÇÃO-RESTAURADORA E TRANSFORMISMO NA POLÍTICA DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO" - JOHN MATEUS BABOSA.


O grupo Gestor - Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre levou à defesa mais um de seus integrantes, sendo agora a vez do doutorando JOHN MATEUS BARBOSA. A tese foi defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação, do Centro de Educação, da Universidade Federal de Pernambuco no dia 15 de dezembro de 2020. A pesquisa analisou as estratégias de controle do trabalho docente na rede estadual de ensino de Pernambuco, a partir dos pressupostos teórico-metodológicos de Antônio Gramsci. A tese foi orientada pelo Prof. Dr. JAMERSON ANTÔNIO DE ALMEIDA DA SILVA (UFPE) e banca foi composta pelos seguintes examinadores: Prof. Dr. GAUDÊNCIO FRIGOTTO (UERJ); Prof. Dra. ÂNGELA SANTANA DO AMARAL (UFPE); Profa. Dra. LUCIANA APARECIDA ALIAGA DE OLIVEIRA (UFPB); Prof. Dr. RAMON DE OLIVEIRA (UFPE). Após quase cinco horas de um rico processo de arguição e debate, a banca aprovou a tese por unanimidade e com indicação para publicação em livro. A sessão foi transmitida pelo youtube e está disponível em: https://youtu.be/jOP3U_BZRqI

Em breve a íntegra da tese estará disponível neste blog.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

REFORMA DO ENSINO MÉDIO, BNCC E SUAS REPERCUSSÕES NO TRABALHO DOCENTE

 O Laboratório de Estudos, Pesquisa e Extensão em Ensino Médio (LEPEM) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará -IFCE (Campus Iguatú) realizou o seu I Seminário nos dias 7 e 8 de novembro de 2020. No debate sobre o tema em destaque fiz uma exposição evidenciando os nexos das reforma educacionais em curso no Brasil com uma reestruturação produtiva e um modelo de acumulação que atualiza os padrões de reprodução do capitalismo dependente.
A ênfase da minha exposição foi em afirmar a tese de que as medidas ultraneoliberais, que se iniciam ainda no segundo governo Dilma (pacote econômico de 2015), e vão se aprofundar nos governos Temer e Bolsonaro, expressam uma atualização dos padrões de reprodução do capitalismo dependente, caracterizados pela  superexploração da força de trabalho e pela transferência de valor para os países centrais. 
Medidas como a EC-95, a Reforma Trabalhista e da Previdência são expressões dessa dinâmica que atualiza a dependência e condiciona também a produção e reprodução dos padrões da escola pública brasileira, instituição necessária à formação das novas gerações para uma sociabilidade onde o desemprego e superexploração do trabalho informal, terceirizado e precário serão cada vez mais generalizados.
Portanto, a reforma do ensino médio, a BNCC e diversas outras políticas educacionais em curso no país são partes desse projeto, com drásticas consequências para o trabalho docente em todos os níveis e modalidades do ensino.  



domingo, 6 de dezembro de 2020

DEFESA DE MESTRADO DE UÉRICA NOGUEIRA - "A CONTRARREFORMA DO ENSINO MÉDIO EM TEMPO DE REFUNCIONALIZAÇÃO DO ESTADO (LEI 13.415/2017): DESDOBRAMENTOS NA REDE ESTADUAL DE PERNAMBUCO E SUAS IMPLICAÇÕES AO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO"

  

No dia 04 de dezembro de 2020 foi realizada a defesa da dissertação de mestrado de Josefa Uérica Nogueira, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco. A pesquisa analisa a implementação da Reforma do Ensino Médio (Lei 13.417/2017) na rede estadual de Pernambuco. A dissertação foi desenvolvida sob a orientação do Prof. Dr. Jamerson Antônio de Ameida da Silva (PPGE/UFPE), líder do grupo de pesquisa GESTOR - Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre, vinculado à linha de Política Educacional, Planejamento e Gestão da Educação. A banca foi constituída pelos seguintes examinadores: Prof. Dra. Eveline Bertino Algebaile (PPFH/UERJ); Prof. Dr. José Nildo Alves Caú (IFPE); Prof. Ramon de Oliveira (PPGE/UFPE). A sessão de defesa pública foi realizada por meios virtuais e o vídeo está disponível no link a seguir: https://youtu.be/Rz3JGUDlyI4

Em 30 dias a íntegra da dissertação será disponibilizada no Repositório da UFPE. 

Aos interessados, acesso pelo link:https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/50


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

DEFESA DE MESTRADO - "O PÚBLICO E O PRIVADO NA EXPANSÃO DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL DE PERNAMBUCO". Por MICILANE PEREIRA DE ARAÚJO (PPGE/UFPE)

No último dia 02 de dezembro foi realizada a defesa da dissertação de mestrado de Micilane Pereira Araújo, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco. A pesquisa analisa as relações entre o Estado de Pernambuco e a iniciativa privada no processo de expansão do ensino médio a partir da primeira gestão do governador Eduardo Campos, iniciada em 2007, até período atual do governador Paulo Câmara. A dissertação foi desenvolvida sob a orientação do Prof. Dr. Jamerson Antônio de Ameida da Silva (NFD/UFPE), líder do grupo de pesquisa GESTOR - Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre, vinculado à linha de Política Educacional, Planejamento e Gestão da Educação. A banca foi constituída pelos seguintes examinadores: Prof. Dra. Theresa Maria Adrião Freitas (FE/UNICAMP); Prof. Dr. Antônio Marcos de Oliveira (Curso de Pedagogia/UFAPE); Prof. Edson Francisco de Andrade (CE/UFPE). A sessão de defesa pública foi realizada por meios virtuais e o vídeo está disponível no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=0YY9Z4URvOI




quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Derrota do bolsonarismo, normalidade democrática e recomposição da hegemonia neoliberal


        
As elei
ções municipais de 2020 estão inscritas na história por ocorrerem em meio a uma crise orgânica do capital e no curso de violento choque neoliberal que impulsiona a reestruturação produtiva visando intensificar a superexploração e a espoliação da classe trabalhadora, aprofundando a lógica perversa do capitalismo dependente e periférico. A realização das eleições em contexto de isolamento social por conta da pandemia de Covid-19, associado ao aumento do autoritarismo e da violência de Estado, está se revelando como um cenário propício para recomposição da hegemonia do projeto neoliberal, uma vez que reprime drasticamente a capacidade de mobilização social das classes subalternas e das forças de oposição.
        O pleito em curso expressa muito mais o aprofundamento do processo de desfiguração da Constituição que foi parâmetro para regulação político-social desde 1988 do que a possibilidade de restituição da normalidade democrática, como alguns preferem pensar. Não é demais lembrar que “a festa da democracia” de 2020 está se dando por cima do genocídio programado pelas classes dominantes que já vitimou mais de 165 mil pessoas no Brasil, desde o seu início. Qualquer ilusão de normalidade democrática num contexto como este é pura expressão de cinismo criminoso ou de indigência intelectual grave.
        Neste contexto, o campo da esquerda institucional brasileira considera que o desafio central dos trabalhadores é derrotar o projeto neofascista que almeja o fechamento do regime político. A tática adotada, para tanto, é a formação de frentes eleitorais para derrotar o bolsonarismo nas eleições municipais, visando uma posterior derrubada do Presidente por impedimento ou nas eleições de 2022. Vale destacar que a tática de frentes eleitorais tem diferentes modulações como um degradê. Numa tonalidade mais moderada, a chamada Frente Ampla admite a aliança de partidos da esquerda social-liberal, de centro e da direita liberal (considerada democrática), todos juntos em defesa da institucionalidade democrática, mesmo que burguesa, periférica e cada vez mais abstrata. Outra de tonalidade um pouco mais escura seria a chamada de Frente de Esquerda. Um pouco mais demarcada ideologicamente, mas tentando fugir aos “sectarismos”, propõe um arco de alianças apenas com os partidos de esquerda, tentando atrair aqueles da esquerda social-liberal a partir de um programa mínimo. O resultado da dinâmica de materialização dessas táticas tem se mostrado bastante complexo, mas predomina combinações bizarras entre partidos de A a Z, sem um programa de oposição ao neoliberalismo claro e incapaz de recuperar o entusiasmo das massas. Um balanço mais completo das alianças e dos desdobramentos da movimentação dos partidos de oposição é necessário e mais adequado ao fim do segundo turno das eleições.
        Entretanto, encerrado o primeiro turno, já se pode constatar que o único alento da esquerda social-liberal foi a importante derrota eleitoral sofrida pelos candidatos apoiados por Bolsonaro. A esquerda social-liberal também perdeu muitas prefeituras, embora tenha apresentado relativa resiliência.  Vitoriosos mesmos saíram os partidos da direita tradicional e do chamado centrão, estes que contribuíram com as eleições de Lula, destituição de Dilma, apoiaram a eleição de Bolsonaro e orquestraram todas as políticas de choque ultraliberal até então. São eles, os partidos orgânicos da ordem, que parece estarem voltando para o centro dirigente da hegemonia neoliberal. São longos ciclos de relativas mudanças para conservação da ordem, marca indelével da formação política e econômica brasileira. 
       Embora o primeiro turno das eleições tenha expressado significativa alteração do sentimento da população em relação ao bolsonarismo, um escrutínio mais apurado do processo é necessário, sob o risco de não diferenciarmos bem o acessório e o essencial desta dinâmica de recomposição das relações de hegemonia. Numa análise de conjunto é fundamental examinar os movimentos que as táticas de frentes de oposição estão produzindo na corrrelação de forças e avaliar até que ponto a substituição forças políticas da chamada extrema-direita nos governos municipais por forças da direita tradicional e do chamado centrão, transformou a esquerda social-liberal e seus satélites em forças auxiliares da recomposição da hegemonia neoliberal. Uma coisa é certa, do ponto de vista tático, as classes dominantes se renovaram, se fortaleceram para aprofundar as próximas contrarreformas e se cacifaram para chegar em 2022 em condições de disputar a presidência da república.
        Já no campo das esquerdas, a grande novidade parece não estar relacionada com as alianças amplas, mas com sim uma oposição que buscou relativamente se diferenciar da esquerda social-liberal, talvez deixando mais uma vez a lição de que o taticismo, o transformismo e a pequena política não são alternativas viáveis para a classes subalternas, sequer do ponto de vista eleitoral. Construir uma antítese vigorosa à ordem capitalista é o único, longo e necessário caminho.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

VÍDEO DISPONÍVEL - EDUCAÇÃO E SOCIEDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA - Prof. Luís Carlos de Frei...



O ESPAÇO DE DIÁLOGOS PEDAGÓGICOS PAULO FREIRE é uma iniciativa do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro Acadêmico do Agreste da UFPE. O evento é voltado aos estudantes, mas aberto à comunidade acadêmica e à sociedade em geral. O objetivo é promover a reflexão crítica sobre a educação no contexto da crise sanitária mundial Covid-19.
A abertura do evento contou com a participação do Prof. Dr. Luiz Carlos de Freitas (Unicamp) com a mediação do Prof. Dr. Jamerson Silva (UFPE). O tema EDUCAÇÃO E SOCIEDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA foi abordado no dia 22.06.2020.

AO VIVO | Universidades públicas e aulas remotas, com o Colemarx



O site Esquerda Online realizou uma live com os pesquisadores Coletivo de Estudos Marxismo e Educação (COLEMARX) da UFRJ. O debate problematiza o ensino remoto emergencial das universidades públicas em um contexto de intensos ataques a autonomia universitária. Na ocasião foi lançado o estudo "Universidades públicas e aulas remotas: nenhum estudante pode ser excluído".
 Assista ao vídeo aqui e para saber mais sobre o estudo, clique aqui.

Universidades Públicas e aulas remotas: nenhum estudante pode ser excluído

O Coletivo de Estudos Marxismo e Educação (Colemarx) da Universidade Federal do Rio de Janeiro lançou um estudo (pdf) problematizando o ensino remoto emergencial em um contexto de intensos ataques a autonomia universitária. Segue um trecho da apresentação:
"O texto defende a prioridade do planejamento que assegure condições de retorno presencial, pois concebe que a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão é erigida pelas interações pedagógicas, as práticas de pesquisa e as atividades de extensão compartilhada pela comunidade universitária. O estudo identifica uma grande ameaça sobre as universidades, advinda do interesse das maiores corporações mundiais de comercializar pacotes de educação a distância para o setor público, descaracterizando, desse modo, a função social das instituições e comprometendo, severamente, o rigor da formação dos estudantes e a consolidação de ambiente de pesquisa. (...) O estudo aborda ainda indicações para uma agenda alternativa que, ao mesmo tempo, possibilite renuclear os estudantes e a comunidade universitária em geral, magnificar a capacidade de produção e socialização de conhecimento crítico que permita tornar pensáveis dilemas do presente e, o que é crucial, viabilizar mediações virtuais que permitam o referido renucleamento, sem, contudo, abrir brechas para os propósitos dos ultraneoliberais, dos agentes da guerra cultural, e das corporações de instaurar o chamado ensino híbrido, uma expressão da mencionada ideologia do novo normal. Por fim, apresenta tópicos essenciais para as lutas democráticas em defesa da universidade pública".

terça-feira, 2 de junho de 2020

EDUCAÇÃO EM PERNAMBUCO SOB O "CHOQUE" DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

 AUTORES: Micilane Araújo (Licenciada em Letra, Mestranda em Educação PPGEDU/UFPE) Uérica Araujo (Licenciada em Educação Física, Mestranda em Educação PPGEDU/UFPE) Jamerson A. A. Silva (Doutor em Educação, docente do PPGEDUC/UFPE)

A pandemia da Covid-19 tem revelado de forma dura e inimaginável os principais problemas sociais no Brasil e no mundo. No campo educacional, as contradições ficaram ainda mais visíveis dadas as circunstâncias de desigualdades dos sistemas educativos brasileiros e da realidade socioeconômica dos estudantes que ainda enfrentam severas disparidades regionais de acesso à tecnologia e de oportunidades de ensino. Em razão da suspensão das aulas, o Ministério da Educação, através da Portaria n. 343/2020, regulamentou a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do novo Coronavírus, Covid-19.
 Longe de equalizar o problema criado pela suspensão das aulas, esta iniciativa pareceu intensificar ainda mais os contrassensos da questão educacional brasileira, considerando os limites de acesso aos recursos tecnológicos, sobretudo, quando colocamos em discussão o contexto educacional dos filhos da classe trabalhadora que em sua maioria frequentam a escola pública. Junta-se a isso a insuficiente, e muitas vezes inexistente, formação dos professores no âmbito da utilização e do desenvolvimentos das metodologias ancoradas nas tecnologias digitais. 
Em Pernambuco, o "choque da EAD" vem dividindo a opinião pública em torno da sua eficácia e em relação à sua validade como substituição às aulas presenciais, fato que levou o Sindicato dos Trabalhadores em Educação a entrar com recurso junto ao Ministério Público do Estado, pressionando a Secretaria de Educação a rever as decisões tomadas para o período.
Neste cenário de intensa imprevisibilidade, diversos relatos de gestores, professores, alunos e pais vêm demonstrando uma situação de completo desrespeito no que tange à realização das aulas em meio à pandemia, conforme pode ser constatado em matéria publicada pelo G1 intitulada: Estudantes, pais e professores narram “apagão” do ensino público na pandemia; em 7 estados e no DF atividade remota não vai contar para o ano letivo.
A matéria do G1 traz experiências em várias redes de ensino no Brasil, tanto estadual como municipal. Na sua grande maioria, essas experiências apontam para o improviso com aulas via WhatsApp e outras ferramentas, como também para o sofrimento de alunos com a falta de internet e equipamentos, fatores que parecem indicar para um cenário de "educação de faz de conta", como define o relato de uma mãe de Santa Catarina. Segundo a matéria,

“Alunos da rede pública de todo o Brasil vivem a sensação de que 2020 será um ano perdido em suas trajetórias escolares. Já os professores relatam o drama de não terem a formação e a estrutura necessárias para oferecer o conteúdo remoto. Quando não estão totalmente sem conexão, estudantes e mestres recorrem ao improviso de aulas via redes sociais, por exemplo”.

Todos os estados e o DF adotaram atividades remotas, mas cada estado adotou uma maneira de repassar o conteúdo – plataformas virtuais, sites, TV aberta e até por meio do WhatsApp. Em Pernambuco, a decisão de suspender as aulas presenciais foi tomada em 18 de março, com isso as aulas presenciais foram substituídas pela modalidade a distância, sendo transmitida pela TV e via internet. No entanto, o estado não decidiu ainda se vai usar a educação remota como carga horária do ano letivo.
O cenário de incertezas revelado pela matéria do G1 coloca em evidência a difícil situação dos profissionais que trabalham na rede municipal do Recife que não dispõem sequer de orientações sobre como ocorrerá o esquema de reposição das aulas. O relato do jovem José Miguel Canuto, de 12 anos, demonstra esse cenário:

“Desde o começo da pandemia, estou sem aulas. Não tive, até agora, nenhuma aula on-line, e o pessoal da escola também não falou nada com a gente sobre alguma atividade fora da escola. A única coisa que eu recebi foi um livro de português, quando minha mãe foi busca a cesta básica da prefeitura”.

Esta situação, no entanto, não é exclusividade do estado de Pernambuco. Em Santa Catarina, por exemplo, o aluno Guilherme Soares Machado, 14 anos, relata a falta de padronização dos meios digitais para o desenvolvimento das aulas entre os professores da sua escola:

“Estou passando por três situações: tem matéria em que o professor criou até um canal no Youtube para melhorar a explicação; com outras, o conteúdo passado não está relacionado com a matéria diretamente; e, em outras, para obter ajuda tenho que enviar e-mail para o professor, que em alguns casos não é correspondido. Do meu ponto de vista, o ensino público não está preparado para a EAD [ensino à distância]”.

No levantamento realizado pelo G1, pareceu claro que nenhuma rede estadual de ensino sabe como será a retomada das aulas presenciais. As redes de ensino não sabem afirmar se haverá aulas aos sábados para repor possíveis conteúdos ou se pretendem adotar carga horária estendida. Em geral, elas afirmam que avaliam as alternativas.
Assim, considerando a necessidade de desmistificar a falsa sensação de que a educação remota é a única solução para resolver os problemas educacionais durante este período, bem como uma possível ampliação dessa modalidade de ensino em situação de pós pandemia,  o Grupo de pesquisa “GESTOR – Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre” irá apresentar uma série de relatos daqueles que estão imediatamente envolvidos com essa questão, quais sejam, professores, gestores, estudantes e responsáveis na tentativa de situarmos em que condições essas aulas vêm acontecendo e que leitura esses sujeitos fazem deste novo cenário educacional que se anuncia na rede pública de educação do estado.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, E. S. et al. NOTAS SOBRE AS CONTRARREFORMAS EMPRESARIAIS DA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA PANDEMIA COVID-19:  o “choque” da educação a distância.   Política educacional em debate, Blog do  Prof. Jamerson Silva, maio de 2020. Disponível em: https://blogdejamerson.blogspot.com/2020/05/notas-sobre-as-contrarreformas.html#more


BRASIL.Presidência da República. Medida Provisória n. 934 de 1° de abril de 2020. Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública. Brasília, abril de 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Mpv/mpv934.htm


________. Ministério da educação. Gabinete do Ministro.  Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. Diário Oficial da União, Brasília, abril de 2020. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376


FREITAS, Luiz Carlos. EAD, tecnologia e finalidades da Educação. Avaliação Educacional-Blog do Freitas. [S.I.], abr. de 2020. Disponível em: https://avaliacaoeducacional.com/2020/04/17/ead-tecnologias-e-finalidades-da-educacao

terça-feira, 26 de maio de 2020

NOTAS SOBRE AS CONTRARREFORMAS EMPRESARIAIS DA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA PANDEMIA COVID-19: O “CHOQUE" DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


(Texto para debate n.01, MAI/2020)

Autores: Emanuelle de Souza Barbosa (Pedagoga e Doutoranda em Educação PPGEDU/UFPE), Everaldo José da Silva Lima (Licenciado em Letras, Educação Física e Doutorando em Educação PPGEDU/UFPE), Filipe Gervásio Pinto da Silva (Pedagogo, Doutorando em Educação PPGEDU/UFPE e Docente da UFCG), Jamerson A. A. Silva (Doutor em Educação, docente do PPGEDUC/UFPE), Sayarah Carol Mesquita dos Santos (Pedagoga e Mestranda em Educação no PPGEDU/UFPE). Revisão por: Micilane Araújo (Licenciada em Letras e Mestranda em Educação no PPGEDU/UFPE).


    O Brasil vivencia a crise sistêmica do capitalismo que, nos países periféricos, é ainda mais mortal quando somada à pandemia do Covid-19. Isso porque,  sob o mote do “livre mercado”, as políticas de sequestro do Estado brasileiro por poderosas corporações empresariais vêm acelerando medidas de espoliação do fundo público, via financeirização da economia, e desfigurando os sistemas de proteção social e trabalhista, conquistados ao longo do século XX.
    O contexto da pandemia da Covid-19, decisivamente, escancarou as contradições, os abusos e os ataques que vêm ocorrendo no Brasil nos últimos anos, particularmente, desde o golpe de 2016. A partir deste período, abriu-se caminho, por exemplo, para aprovação da Emenda Constitucional 95/2016 (congelamento das despesas públicas por 20 anos), da contrarreforma trabalhista lei n.o 13.467/2017 (alteração da CLT) e da contrarreforma da previdência Emenda Constitucional no. 103/2019. Trata-se de um momento de profundo flagelo para a população brasileira, em especial para o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras, no qual o Estado brasileiro está criminosamente ordenado para atender aos anseios dos lucros, em detrimento de ações que busquem evitar a morte de milhares de pessoas. 
O desastre político, econômico e social causado pelas contrarreformas ultraliberais em curso faz o país regredir seu padrão civilizatório, nos índices de desigualdade e pobreza, a patamares do início do século passado. Como se isso não bastasse, as medidas adotadas pelo governo central sobre a pandemia vêm se revelando como um claro genocídio da população do país, que, em sua maioria, é constituída por negros e pobres. Algumas dessas medidas se destacam: a campanha presidencial “O Brasil não pode parar”, vem se mantendo na contramão das ações de isolamento social, recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), adotadas mundialmente; a Medida Provisória no. 927 de 22/03/2020 (Suspensão dos Contratos de Trabalho) que autoriza a flexibilização da jornada laboral, a reconfiguração de mecanismos de demissão e a destinação de recursos públicos a grandes empresas e bancos. Como consequência, esta medida regulamenta a não necessidade do pagamento de FGTS - mesmo em caso de demissão sem justa causa,  permite aos patrões a antecipação das férias individuais e coletivas e altera a escala de feriados.
No momento em que publicamos este documento, o Brasil já contabiliza mais de 23 mil mortes pelo coronavírus, cuja maior incidência no número de vítimas é de origem pobre. Conforme aponta o Observatório Social del Coronavírus[1], a pandemia escancara as profundas desigualdades sociais, uma vez que as principais vítimas da Covid-19 são trabalhadores informais, desempregados, sem tetos, que vivem em bairros periféricos das cidades brasileiras, sem acesso à saúde e saneamento básico. O crescente aumento das desigualdades sociais vem persistindo desde o segundo trimestre de 2015 a 2017, como aponta estudo da Fundação Getúlio vargas (FGV)[2], no qual se registra uma elevação de 33% no número de pessoas que vivem  na pobreza,  passando de 8,4% para 11,2% dos brasileiros. Além disso, a pesquisa ainda revelou que, no segundo semestre de 2019, enquanto a renda da metade mais pobre da população caiu para 18%, somente 1% dos mais ricos teve um aumento de 10% no poder de compra. O crescimento nas taxas de desigualdade social tende a se intensificar mais em virtude da crise sanitária que vivemos, pela qual a grande parte da população pobre e periférica é atingida, situação que se agrava ainda mais num quadro de políticas de austeridade para os trabalhadores e desmonte de direitos sociais.