quarta-feira, 12 de junho de 2019

Eleições à Reitoria da UFPE 2019: um balanço necessário

Hoje é o dia da votação pela comunidade acadêmica da UFPE, que escolherá o nome do próximo Reitor a ser encaminhado ao Presidente da República. É necessário que o debate que se instalou, acerca dos projeto de universidade pública, permaneça vivo para além do momento eleitoral. Segue o balanço feito pelo Prof. Paulo Rubem Santiago, docente lotado no Depto. de Educação Física da UFPE.

A posição da chapa Movimenta para as eleições à Reitoria da UFPE no segundo turno guarda coerência com sua trajetória, desde os primeiros passos dados, quando docentes, técnicos e estudantes se perguntaram por que não construir uma chapa coletiva, um programa feito a muitas mãos, trajetórias e sonhos? Assim foi até a participação da Movimenta no dia 29 de maio, quando ocorreu o primeiro turno. A Chapa Movimenta tem clareza absoluta do momento vivido pelo país e pela educação pública, seja na educação básica seja no ensino superior. Há uma trajetória em curso, aguda, conservadora, que ataca o caráter minimamente social do Estado Brasileiro em função dos interesses do capital rentista, ancorado numa explosiva dívida pública bruta que ameaça chegar aos 100% do PIB em poucos anos.

Nessa trajetória os ataques ao financiamento público da educação, da saúde, da previdência, da ciência e tecnologia são cada vez mais agudos, como vimos com a EC 95/2016 e na ameaça de aprovação de uma nova EC para por fim ás vinculações constitucionais orçamentárias e contribuições sociais específicas, sobretudo para saúde, educação e seguridade social. Desconhecer ou subestimar essa estratégia do capital no ataque aos fundos públicos e, em função disso, tentar conduzir a Universidade em busca de parcerias público-privadas é assinar embaixo dos interesses rentistas da acumulação, é sangrar a autonomia da universidade, substituindo-a por atitudes gerenciais que em nada irão alterar a submissão do MEC ao Ministério da Economia em suas decisões a favor da acumulação, do desmonte do patrimônio e da aceleração da privatização da educação superior, já tão alimentada nos governos anteriores com renuncias fiscais e financiamento ancorado na expansão da dívida pública, como tem sido o PROUNI e o FIES. Por isso não apontamos o voto nesse segundo turno em nenhuma das duas chapas concorrentes, pois não vemos a clareza de nenhuma das duas acerca dessas questões e da gravidade dessa conjuntura. Por fim nos aliamos às observações do Prof. Florestan Fernandes quando, em 1981, já nos alertava: Quando o diagnóstico é errado, as estratégias serão inadequadas e as ações inconsequentes. A Movimenta vai seguir com sua disposição de luta pela Universidade Pública Gratuita e de Qualidade, ao lado da educação básica, conduzida sob os mesmos princípios, ao mesmo tempo me que manterá suas ações na Universidade e ao lado dos setores da sociedade que lutam contra o desemprego, a violência, o desmonte do estado e essa política econômica de ajuste fiscal inconsenquente a favor dos rentistas e do capital especulativo.

*Paulo Rubem Santiago - Mestre em Educação. Prof. do Departamento de Educação Física da UFPE

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