terça-feira, 11 de junho de 2019

Posição da chapa Movimenta UFPE no segundo turno da Consulta para Reitor da UFPE


Foto extraída da página da chapa no facebook:
Caros companheiros da comunidade acadêmica da UFPE e da sociedade pernambucana em geral.
Tive a honra de ajudar a construir a candidatura Movimenta UFPE - 54, que participou com bravura da consulta para escolha da próxima gestão da Universidade Federal de Pernambuco.
Pela primeira vez na história da instituição, estudantes, técnicos, técnicas e docentes puderam compor a mesa de debates e defender o caráter público (com financiamento público) da universidade brasileira. A centralidade da campanha foi o enfrentamento às políticas de destruição e privatização da educação pública implementadas pelo governo Bolsonaro. A proposta foi representar uma posição política de esquerda, sem fazer concessões programáticas que tenham como horizonte entregar ainda mais a instituição para o capital privado, seja de forma aberta ou híbrida. 
Defender excelência do ensino superior em um contexto de destruição planejada da educação pública significa fechar as portas da universidade brasileira para a maioria da população. A riqueza da UFPE reside, fundamentalmente, naquilo que ela é capaz de produzir com sentido público e transformador. E isso é radicalmente incompatível com propostas que fazem concessões privatizantes  e elitistas.
A foto que acompanha essa postagem já está na história da UFPE, pois representa um povo teimoso, que insiste em permanecer na universidade pública brasileira, quando a ordem é expulsá-lo. Estou honrado em ter aprendido tanto com vocês. Nos encontraremos nas ruas e nas lutas das classes trabalhadores, lugar de onde nunca saímos!

Leia a nota da chapa 54, a seguir:

PARA QUE A UFPE CONTINUE EM MOVIMENTO
Posição sobre o segundo turno da consulta
A Movimenta UFPE vem agradecer os mais de dois mil votos, sabedora de seu papel na realização de um debate franco para o enfrentamento à política obscurantista e privatista do Governo Federal. No primeiro turno da consulta para a reitoria da UFPE nos apresentamos como uma chapa coletiva, composta por estudantes de graduação e pós, técnicos, técnicas e docentes. Quando optamos por este caminho, apresentamos uma proposta que tinha em sua base a democratização radical das estruturas de poder na Universidade. Entendendo que esta é uma bandeira que extrapola o processo da consulta, continuamos a defender um projeto para a UFPE que tenha este princípio como norte da política e da gestão.
Encerrado o primeiro turno da consulta, nosso sentimento é de dever cumprido. Neste pouco tempo de campanha defendemos a universidade pública brasileira atacada frontalmente pela política conservadora neoliberal privatizante. Debatemos com a comunidade acadêmica alternativas para enfrentar os problemas cruciais da UFPE e do povo brasileiro. Apresentamos nossa posição considerando a realidade de aprofundamento da destruição da soberania nacional, dos direitos constitucionais, da educação e da saúde públicas e denunciamos com veemência o crescimento da barbárie e da violência aos movimentos sociais populares, às mulheres, aos negros, à comunidade LGBT, às comunidades indígenas, às juventudes, etc. Mostramos que é imprescindível e possível inventarmos alternativas radicalmente novas de organizar a coletividade acadêmica, trazendo os segmentos dos estudantes e técnico-administrativos para ocuparem um espaço ainda restrito aos docentes. Pela primeira vez na UFPE, tivemos estudantes, técnicos e técnicas na mesa de debate nas eleições de Reitor. Acreditamos que apenas a força da coletividade que faz a UFPE, transformada em força política coesa e coerente, será capaz de resistir à destruição planejada que estamos vivendo.
Estão equivocadas as candidaturas que crêem na possibilidade de diálogo ou algum tipo de alinhamento com o atual governo que, na busca “desastrada” de impor sua devastadora agenda ultraliberal, vem dilapidando o patrimônio material e imaterial nacional, sucateando o serviço público e os direitos dos servidores públicos, como a seguridade e previdência social e a já sequestrada democracia brasileira. É fundamental que as candidaturas em disputa no segundo turno da consulta denunciem fortemente a destruição da educação pública brasileira, do ensino básico ao superior, que corrobora um projeto das oligarquias econômicas internas e externas encarnadas neste governo. Não basta só denunciar o corte das verbas para as universidades, é necessário apontar o sentido privatizante dos mesmos. Sob esta ótica, a privatização dos direitos sociais é a alternativa imposta pelas oligarquias financeiristas, para manter o crescimento das taxas de lucro. Essa é a lógica da EC-95 (Teto dos Gastos), da Reforma Trabalhista, da proposta de Reforma da Previdência, e dos cortes do financiamento da educação básica e superior. O governo Bolsonaro e seus apoiadores são convictamente inimigos da Educação Pública. Além do sufocamento financeiro, vem promovendo uma violenta campanha de desmoralização da Universidade Pública brasileira e da produção científica e tecnológica, na tentativa de silenciar os setores progressistas que resistem.
No segundo turno estão presentes duas candidaturas com projetos que, a nosso ver, apresentam diferenças. Diferenças, porém, que não nos faz reconhecer o debate feito pela Movimenta UFPE no primeiro turno em qualquer uma das duas chapas que se mantêm na disputa.
A candidatura de Libonati e José Luiz, que ficou em segundo lugar, pela base social que a apóia e pelo programa que apresenta, expressa um claro alinhamento com alternativas privatizantes (quando defende a utilização das PPP), e conservador (quando não se coloca contrário aos processos de criminalização ocorridas contra o Movimento Estudantil). Ao apontar o caminho da busca por recursos privados como saída para os problemas de infraestrutura da universidade, atende aos anseios daqueles que querem ver o poder público desresponsabilizado pelo financiamento da universidade, e esta, portanto, submetida aos interesses do mercado. A defesa da internacionalização ainda está nos marcos da perspectiva da lógica dominante dos países centrais, valoriza o ranqueamento elitista e, com isso, encurta o espaço de uma universidade de cunho popular, com respostas à transformação da injusta sociedade brasileira. A perspectiva de continuidade com a atual gestão, a que nos opomos, e toda a condução equivocada da jornada flexível do trabalho, impondo junto o ponto eletrônico, posição que nos opomos desde os debates realizados.
A candidatura de Alfredo e Moacir, que ficou em primeiro lugar, apesar de ter logrado o apoio de setores progressistas da UFPE, expressa diversas incoerências programáticas e metodológicas, além de vários pontos de convergência com o projeto privatizante, justamente o ponto central a que nos opomos, pois caracteriza a destruição prática do caráter público da universidade brasileira. Sua opção é ambígua pela conciliação do inconciliável, isto é, entre interesses públicos e privados, democracia e excelência, enfrentamento ao governo Bolsonaro e diálogo com o mesmo. 
Também cabe destacar que, embora uma das chapas se apresente como oposição, ambas têm importantes aspectos de continuidade com a gestão de Anísio Brasileiro (um Reitor também originário do campo da esquerda, mas que nos deixará um legado bastante conservador). As duas chapas foram favoráveis à EBSERH e à criação do Campus de Goiana, um campus pensado sem as Humanidades e em consonância com uma necessidade imediata do Mercado, além de não ter sido fruto nem de consultas à comunidade universitária, nem de pesquisa de demanda local. Tais posturas, para nós, traduzem, mais do que pensamentos de gestão; são concepções políticas de universidade e de sociedade. As duas candidaturas continuam alimentando ilusões e respostas a questões locais sem fazer a análise profunda do projeto de sucateamento das universidades públicas e a consequente privatização do ensino superior. Concepções políticas estas opostas à que abraçamos: de uma universidade pública, gratuita, popular e socialmente referenciada.
A chapa Movimenta UFPE analisou e compreende as diferenças de leitura da realidade e de programa entre as duas candidaturas que disputam o segundo turno para a Reitoria. Também renova sua própria leitura da realidade e compreende as diferenças entre sua análise/programa políticos e os daquelas candidaturas. Por isso, por não se sentir contemplada em sua leitura da realidade e em seu programa por nenhuma das duas candidaturas que estão nesse segundo turno, decide não indicar o voto em nenhuma das duas opções, respeitando a decisão particular do voto, fundada em outras opções táticas conforme as leituras em defesa da universidade pública. A despeito de não indicarmos voto a qualquer uma das duas, defendemos, porém, intransigentemente, que o nome escolhido pela consulta à comunidade da UFPE seja, de fato, respeitado pelo governo federal.
Para nós, que fazemos a Movimenta UFPE, o futuro desta Universidade não será decidido somente no dia 12 de junho próximo, mas no decorrer de todas as lutas contra o desmonte da Educação Pública e dos direitos sociais e civis conquistados a duras penas. Tais lutas já mostraram sua força nas ruas nos dias 15 e 30 de maio, mas precisam ser fortalecidas, cada dia mais; e têm na convocação da Greve Geral do dia 14 de junho um momento estratégico, no qual estaremos com nossa coragem, resistência e disposição.
Seguiremos nas lutas em defesa da Universidade Pública e de sua função social.
Movimenta UFPE
Coragem para resistir e para continuar a movimentar a UFPE.

Link da página UFPE em Movimento: https://www.facebook.com/movimentaufpe/?epa=SEARCH_BOX

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