terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Moniz bandeira em entrevista sobre a ditadura do capital financeiro


Tenho feito alguns estudos buscando entender as tramas do processo de acumulação capitalista neste estágio de desenvolvimento no qual o capital financeiro vem ditando as regras políticas e, em inúmeras situações, destruindo os regimes democráticos, sobretudo nas economias mais atrasadas. 

O cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, (falecido no ano passado) em entrevista publicada originalmente na Carta Capital, apresenta a tese central do seu livro mais recente, intitulado A Desordem Mundial, quando analisa as pretensões dos EUA de fundarem uma ditadura mundial do capital financeiro, o quê, contraditoriamente, pode leva-los ao declínio, em função dos gastos desproporcionais com o financiamento das denominadas "guerras por procuração".
A respeito, Bandeira afirma:
Essas são as consequências dos esforços dos Estados Unidos para impor a full-spectrum dominance, o completo controle e domínio da terra, mar, ar e espaço. Os americanos não têm, porém, condições de ser o global cop, o gendarme global. Até 2016, gastaram perto de 4,7 trilhões de dólares nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Não sem razão, o conhecido economista Jeffrey D. Sachs, professor da Columbia University, escreveu que os EUA declinarão, como ocorreu com a União Soviética, nos anos 1970-1980, se não abandonarem a enganosa pretensão de império e continuarem a investir de forma desproporcional no militarismo, nas guerras do Oriente Médio e a convidar a China a uma corrida armamentista.
O Brasil sob o golpe trouxe a luz o crescente sequestro do Estado brasileiro pelo capital financeiro via dívida pública, a compra de políticos e partidos por corporações empresariais, o realinhamento da "política externa" - com fortes tendências ao aprofundamento da subordinação aos EUA - e o crescimento das fraudes e da violência policial como estratégia de governo para impor a destruição de direitos sociais e trabalhistas e capturar o fundo público.

Até bem pouco tempo os intelectuais não consideravam a hipótese de um novo golpe de Estado no Brasil, nem sob a forma institucional como ocorreu em Honduras e no Paraguai, muito menos sob a forma civil-militar como em 1964. Isso considerado o grau amadurecimento das instituições democráticas brasileiras. Mas o que estamos vendo é que nossa democracia não tem resistido à força do dinheiro, capaz de contaminar até as esfera supostamente mais blindadas, como o poder judiciário.

Na mesma linha de análise de Moniz Bandeira, outros interessados no assunto (dentro e fora do país) estão reunindo indícios e apresentando reflexões a respeito.

Segue o link para integra da entrevista de Luiz Moniz Bandeira:


http://www.viomundo.com.br/politica/mark-weisbrot-reuniao-de-kerry-com-serra-e-uma-atitude-podre-para-um-secretario-de-estados-dos-eua-no-seculo-21.html

http://www.viomundo.com.br/denuncias/brasilianista-alerta-embaixador-na-oea-governo-dos-eua-esta-correndo-o-risco-de-repetir-o-tragico-erro-de-1964-quando-reconheceu-a-ditadura-militar-que-governou-o-brasil-por-21-anos-veja-a-cart.html



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