REFRESCANDO A MEMÓRIA SOBRE O PROIFES-FEDERAÇÃO
“Após seguidas derrotas em eleições do ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), a chapa vencida, articulando-se com o ministro da Educação do Governo Lula, Tarso Genro, criou o PROIFES (Fórum dos Professores de Instituições Federais do Ensino Superior) em setembro de 2004, hoje Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (PROIFES-Federação), restabelecendo o sindicalismo burocratizado e tutelado pelo Estado, o que permitiu aos governos a facilitação de negociações espúrias contra a categoria e a universidade pública e gratuita brasileira.
Essa manobra, conforme Roberto Leher, atual reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), implicou “[…] assegurar a tutela governamental sobre os trabalhadores, valendo-se de prepostos, os pelegos que, nutridos por benesses e prebendas governamentais, servem de caixa de ressonância para as razões do poder”. Divididas dessa forma as forças em luta, a categoria viu-se em uma armadilha na concretização de suas demandas sobre a carreira, o salário e o caráter da universidade pública e gratuita. Assim, desde 2006, o PROIFES vem exercendo o papel de negociador oficial com o governo, mesmo sob uma representatividade muito pequena, em torno de sete universidades federadas, conforme informações em seu próprio site”
Memória e linguagem são constitutivas do social. São expressões “de uma determinada Weltanschaung no interior da qual ganham sentido e direção”, afirma o professor Edmundo Fernandes Dias em seu livro Revolução Passiva e Modo de Vida: ensaios sobre as classes subalternas, o capitalismo e a hegemonia. Para analisar como a memória e o esquecimento representam o corpo dos projetos políticos em disputa, Dias evoca o historiador francês Jacques Le Goff quando diz:
(…) Memória coletiva constitui uma importante colocação em jogo na luta pelo poder conduzida pelas forças sociais. Apoderar-se da memória e do esquecimento é uma das preocupações máximas das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e domina as sociedades históricas. Os esquecimentos, os silêncios da história são reveladores destes mecanismos de manipulação da memória coletiva (Le Goff, 1982 p.4).
Uso estas breves reflexões como forma particular de cumprimentar os representantes do PROIFES que visitaram nossa universidade esta semana e seus respectivos anfitriões. Refrescar a memória sobre a história da formação desta entidade e seu papel “marcante” na greve das IFES de 2012 é tarefa fundamental nestes tempos de ataques privatistas aos direitos sociais, dentre eles à educação superior pública. Esta debate é particularmente importante, por tal visita aparentar ser um sinal de preparação da desfiliação da Adufepe do ANDES-SN.
Então, para refrescar a memória, recomendo a leitura deste documento da Adufms, intitulado Proifes-Federação. A categoria do Magistério Superior no Brasil e na UFMS. Os trechos que abrem este post são extraídos da carta em destaque.
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